domingo, 19 de agosto de 2012

O Daguerreótipo no início da história da fotografia

Foi em 1837 que Louis Jacques Daguerre inventou o daguerreótipo, o percusor direto das máquinas fotográficas. Por motivos económicos teve de vender a patente ao estado francês, tendo sido conhecido do público em 19 de agosto de 1839 (atualmente essa data é comemorada como o dia mundial da fotografia).






Uma placa de prata que tinha sido exposta aos vapores de iodo, formando uma camada de iodeto de prata que era sensível à luz, era colocado no interior de uma câmara escura, sendo a emulsão exposta longamente ao objeto que se pretendia registar. Essa placa de iodeto de prata era então exposta aos vapores de mercúrio e fixada com hipossulfito de sódio seguido de lavagem. A descoberta acidental do revelador à base de mercúrio foi feita por mero acaso, já que no armário onde tinha guardado a sua primeira exposição esse elemento encontrava-se num recipiente não coberto, e Daguerre, no dia seguinte deparou-se com a imagem na placa de iodeto de prata.
O resultado obtido era uma imagem positiva em baixo relevo que teria de ser protegida por um vidro para evitar o contacto direto com o ar.

Aqui fica um pequeno filme que documenta a evolução da fotografia...



domingo, 15 de julho de 2012

Lomografia

Lomo era o nome de uma fábrica russa que em 1982 iniciou a produção maciça de máquinas fotográficas em material plástico, sem necessidade de regulação e que teria forçosamente de ter um preço reduzido. 
No entanto era uma máquina que usava o rolo fotográfico, pelo que estamos no campo totalmente analógico

Foi muito pouco conhecida na Europa ocidental,  por motivos da existência da cortina de ferro, pelo que só em 1991, dois austríacos de férias em Praga a descobriram e começaram a fazer experiências com ela.

As fotos resultantes eram muitas vezes sujeitas a revelações com líquidos reveladores impróprios para serem obtidos desvios cromáticos no sentido do magenta, do ciano, do laranja ou outra tonalidade. Além disso, as cores resultavam hipersaturadas e o contraste aumentado, parecendo fotos de há 30 ou 40 anos. Nalgumas das máquinas resultava ainda uma vinhetagem dos bordos fazendo destacar mais o centro da fotografia. Com isto se conseguia resultados muitas vezes surpreendentes.



Mais tarde o conceito de lomografia foi sendo alargado com o aparecimento de outras máquinas que tinham características particulares, como "olho de peixe", multi-imagem, panorâmicas  de 180º e de 360º, tendo ainda algumas flashs normais ou com filtros de cores, um sem fim de alternativas ao gosto do lomográfico.
O imediatismo e espontaneidade são imagens de marca da lomografia, já que parte destas máquinas não necessitam de nenhum ajuste, ou noutros casos apenas a escolha do local da colheita de imagem (sol, sombra ou noite). Mais básico era impossível

Existem mesmo 10 mandamentos que são:
1- Leva a tua Lomo onde quer que vás.
2- Usa-a a qualquer hora do dia ou da noite.
3- A lomografia não interfere na tua vida, torna-se parte dela.
4- Aproxima-te o mais possível do objeto a fotografar, se assim o desejares.
5- Não penses... lomografa.
6- Sê rápido.
7- Não precisas de saber antecipadamente o que fotografaste.
8- Nem depois.
9- Fotografa de qualquer ângulo.
10- Não te preocupes com quaisquer regras.



Para já, tanto quanto sei, e sendo o conceito inicial anti-digital, não existem ainda máquinas digitalizadas com estas características. As que existem são todas de rolo fotográfico e o seu aspecto pode ser muitas vezes confundido com máquinas de criança, com as cores muitas vezes garridas e aspeto retroNo fundo o que interessa é o resultado obtido e isso foi o suficiente para que em todo o mundo muitos milhares de pessoas agarrassem este conceito tornando-se de certa maneira uma moda.

Claro que muita gente vai aguardar que a lomografia passe a digital. Quanto a mim, na minha modesta opinião,  é só uma questão de tempo, e quando aparecer uma primeira marca a fazê-lo, as outras terão de seguir as pisadas.

Enquanto isso não acontecer, existe uma solução para o pessoal do digital que é a edição das imagens com software como o caso do photoshop. Foi isso que aqui trouxe, um efeito tipo Lomo por edição em Photoshop que mimetiza o que poderia ter sido obtido diretamente na máquina lomográfica. 


quinta-feira, 12 de julho de 2012

De volta às origens... "pinhole"

Vou falar de uma antiga técnica que permite a observação de uma imagem invertida na parede oposta ao pequeno orifício de entrada de uma câmara escura.
Essa câmara escura, também clamada estenopeica, foi aplicada à fotografia nos seus primórdios. O interessante é que a técnica é bastante simples e mesmo rudimentar, necessitando apenas de alguns materiais extremamente baratos e sem necessidade de interposição no feixe luminoso de qualquer tipo de lente.
Vou falar de dois métodos de execução...





Imagem da estátua do Eusébio no Estádio da Luz na versão côr e a preto e branco


1-
Podem-se utilizar todo o tipo de caixas, de diferentes materiais (lata, cartão, madeira, plástico, etc.), desde que sejam totalmente opacas. Inclusivamente a forma pode ser variada pelo que pode ser paralelopipédica, cilíndrica ou outra. O interior deverá ser pintado de cor negra para evitar qualquer reflexo indesejável.
Num dos lados, teremos de fazer um pequeno orifício, mas aí vai-nos surgir um primeiro problema a resolver...

Qual a dimensão do orifício?

Existe uma relação matemática entre o diâmetro desse orifício e a distância focal, que no caso da nossa caixa corresponde à distância do furo à parede contralateral onde a imagem será formada.
Uma das maneiras para conhecer o diâmetro do dito orifício é dado pela fórmula de Rayleigh

d=1,9 * Raíz de (f*c), em que f é a distância focal e c o comprimento de onda da luz que no caso da luz branca se situa à volta de 0.00055mm

Para dar dois exemplos, se a distância focal for 5 cm, o diâmetro do orifício terá de ser apenas  0.315 mm, mas se for 18 cm o diâmetro do orifício já deverá ser 0.595 mm. Se as dimensões não forem adequadas serão obtidas imagens bastante desfocadas.

Para o caso de uma distância focal pequena, esse orifício deverá ser feito por uma agulha de pequeno calibre como por exemplo uma agulha de insulina.

Na parede da caixa deverá ser colocado papel fotográfico mas em ambiente sem luz a menos que seja vermelha a que o dito papel não tem sensibilidade.

O orifício da parede contralateral deverá estar tapado, de forma a não permitir entrada de nenhuma luz antes de se fazer a exposição pretendida.

No local onde vamos fazer a nossa exposição tentamos apontar, a olho, o orifício da nossa caixa para o objeto e antes de abrir o obturador calcular o tempo de exposição que vai depender, claro está, do diâmetro do nosso furo, das condições de iluminação do objeto e também da sensibilidade do papel fotográfico (ISO).

Depois de feita a exposição que termina quando o orifício é novamente obturado, teremos de revelar para podermos ver o nosso trabalho
O nosso papel terá de passar por 4 líquidos diferentes em sequência que são: em primeiro lugar, o  revelador durante 2 a 4 minutos com controlo visual, seguidamente outro líquido a que chamamos "stop", e que é uma mistura de ácido acético com água a 1% durante 30 a 60 segundos, seguidamente o fixador durante cerca de 4 a 5 minutos, após o que se procede à lavagem com água...

A história não está acabada, pois a imagem ainda é um negativo...
Para inverter temos 2 métodos, o clássico em que se junta um outro papel fotográfico àquele que nós produzimos anteriormente e após uma exposição à luz se produz uma réplica negativa do nosso negativo ou seja obtemos assim a imagem correta do nosso objeto. Claro que ainda falta a passagem pelos 4 líquidos para revelar e fixar a fotografia, tal como descrito mais acima. Ufa!!!
Este procedimento pode tornar-se mais simples fazendo um "scaning" do negativo e depois com um programa de software  como o photoshop, fazer a inversão da imagem.

Claro que a imagem tem alguma falta de nitidez, mas a maneira de a obter com materiais tão primitivos tem algo de mágico e etéreo.

2-
Agora os meus amigos acham que foi assim que eu fiz a minha primeira imagem de pinhole?
Eu fiz alguma batota saltando alguns dos passos e conseguindo tornar ainda mais simples a execução da obra de arte... Fiz uma simples pesquisa sobre este procedimento e com vão ver é bastante mais simples e rápido.

Material usado:
Máquina reflex sem qualquer objetiva acoplada.
Tampa da máquina reflex, na qual eu fiz um pequeno orifício no centro (mas suficientemente grande para não influenciar o percurso da luz).
Papel de alumínio (aquele que utilizamos no dia a dia para embrulhar uma simples sandes).
Fita isoladora negra.

Fiz um orifício punctiforme perfeitamente circular com uma agulha de insulina no papel de alumínio e apliquei na parte interior da tampa da máquina com a superfície menos refletora para dentro e cobri o pedaço de folha de alumínio com fita negra.
A tampa, com essa engenhoca, foi aplicada na máquina reflex e a partir daqui está pronta para ser utilizada.

Com as máquinas reflex sabemos imediatamente se o resultado da captura de imagem está correta ou não, podemos tentar com vários tempos de exposição sempre com a máquina assente num tripé ou numa base estável, pois vão-se utilizar tempos de exposição excessivos para se poder ter a máquina na mão.

No meu exemplo de imagem exterior em ambiente soalheiro, utilizei uma sensibilidade (ISO) 200 e um tempo de exposição de 1/2 segundo. 
Acresce a vantagem de a imagem poder ser gravada em JPEG ou em RAW, poder ser a cores ou a preto e branco e podermos, por tentativa e erro, e em tempo real, acertar no imediato as nossas definições, coisa que não se passa se utilizarmos o método arcaico que expus na parte inicial.
Espero que tenham gostado da exposição e dos exemplos e que um dia destes experimentem a fazer algo semelhante.

A minha máquina artilhada para fazer fotografias pinhole




Deixo aqui um link interessante (tem várias páginas)





terça-feira, 22 de maio de 2012

Número de ouro /Razão dourada /Proporção divina



1,61803398887...

Mas como se chega a este número e  o que é que ele tem de tão extraordinário?


O número de ouro é um número irracional porque não provém da divisão de dois números naturais e é representado por uma dízima infinita e não periódica.
Este número foi descoberto ainda na antiguidade, de tal forma que foi utilizado, por exemplo, nas proporções do Parthenon em Atenas, pelo seu arquiteto de nome Fídias ( sendo essa a razão da utlização atualmente da letra grega Fi ou Phi para representar este número)
Este número, para além da matemática, está relacionado com a estética da arte e da a natureza como veremos mais adiante...




O número, em si, não tem nada de belo à primeira vista, mas essa relação transmite-nos uma sensação muito forte de harmonia de tal forma que, para além da antiguidade clássica, começou a ser muito utilizada por artistas principalmente na Renascença (Giotto, da Vinci, Miguel Ângelo...) nas suas pinturas, esculturas e obras monumentais.



Transpondo para a fotografia, a intersecção das linhas resultantes desta proporção determinam os pontos fortes da imagem  resultando que esta fique mais apelativa e harmoniosa. 
Se bem que, na fotografia, se utilize frequentemente, para facilitar, a regra dos terços (relação- 1,66) a proporção divina seria aquela que produziria os efeitos mais interessantes. Toda a gente reconhece que as fotografias com objetos/sujeitos excessivamente centrados não resultam muito bem. Da mesma forma não se deve colocar a linha do horizonte a meio da fotografia. Tudo isto faz parte das técnicas da composição fotográfica.




Foi Fibonacci - que nasceu em Pisa por volta de 1175 - quem fez estudos, divulgou no ocidente e apresentou uma sequência de números que é conhecida pelo seu nome e que está intimamente ligada à proporção dourada.

Sequência de Fibonacci

1; 1; 2; 3; 5; 8; 13; 21; 34 ;55; 89; 144; 233...
Nesta sequência o número seguinte corresponde à soma dos dois números seus anteriores.

número áureo resulta da divisão do um termo da sequência de Fibonacci  pelo seu anterior, de forma que esta divisão converge para o número áureo já descrito: 1,61803398887...




Existem muitos exemplos na natureza desta proporção dourada:
A concha do Nautilus; a multiplicação teórica de um casal de coelhos (experiência realizada pelo próprio Fibonacci e incluída no seu livro "Liber Abacci" ("O livro dos ábacos"); a disposição das sementes no centro do gira-sol; dos gomos do ananás; a disposição dos favos das colmeias; as proporções da face humana e um sem número de objetos animados e inanimados.
A escola pitagórica, muitos séculos antes, também chegou por outras vias a esse número que podia ser obtido graficamente de diversas maneiras, como por exemplo na intersecção das linhas interiores do pentagrama ou através da intersecção de linhas no interior de um quadrado.



Aqui fica um link muito interessante e completo sobre esta temática...


E aqui outro link também muito didático sobre a aplicação à composição fotográfica.


Da próxima vez que veja este número, lembre-se de toda a história que está por trás dele e de todas as belezas que ele proporciona.~









segunda-feira, 21 de maio de 2012

William Turner





Gosto particularmente da pintura de William Turner.
Aprecio muito os céus com um brilho inigualável, as tempestades no mar, os seus nevoeiros... enfim... a força da imagem.
Uma boa parte da sua imensa obra encontra-se em Londres na Tate Gallery

Link da wikipedia



Segue-se um pequeno video ao som de Debussy...




domingo, 20 de maio de 2012

Declaração de intenções



De que é que se vai falar neste blog que agora se inicia?
De muita coisa... No fundo vai refletir temas a meu gosto em diversas áreas. Irei falar de assuntos bem díspares, focando com especial atenção algumas áreas científicas, tais como: a Medicina,  a Biologia, a Astronomia, a Física, e outras temáticas como a Arte, a Fotografia e também à História. Também penso abordar curiosidades diversas, temas ou dicas de viagem e avanços tecnológicos (os famosos "gagets").  Vai ser um bolo com muitos ingredientes. Tentarei tratar dos diferentes temas com a maior seriedade mas de uma forma simples e não pretensiosa.
Qualquer leitor deste blog será bem-vindo e os seus comentários serão devidamente apreciados.